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Ezequiel Lobo: Zona de comércio livre uma visão voltada “apenas” para o lado comercial e económico





Artigo de Ezequiel Lobo


A integração regional é um passo importante no que se refere as relações politico-económicas entre os estados, pois é por meio desta que se dinamizam os fluxos económicos e comercias entre os blocos económicos.

Sendo que a zona de comércio livre representa a fase 1 da integração económica e regional, composta por 5 fases, segundo a teoria de integração de Bela Balassa (1961), a adesão de Angola nesta integração será um passo gigantesco rumo a diversificação tanto da oferta como da procura de bens e serviços nacionais e estrangeiros, entre muitas outras coisas.

 Esta diversificação e aumento dos fluxos de bens e serviços, se não for acompanahada de políticas e de uma estrutura económica forte o suficiente para rivalizar com o sector externo, poderá contribuir para a estagnação do crescimento do sector produtivo interno de angola.

Ao ingressarmos numa zona de comércio livre (quer seja da SADC ou da UA), estaremos abrindo as fronteiras comercias para países bem mais desenvolvidos que angola em vários domínios, isso poderá no curto prazo resultar num aumento do investimento privado estrangeiro, a diversificação da oferta de bens e serviços no mercado, aumento da oferta de emprego, o que até é bom mas no entanto, no médio e longo prazo, se o sector produtivo nacional não for capaz de rivalizar com as empresas externas estaremos numa situação de inundação do mercado nacional de produtos estrangeiros e da desvalorização do produto Made In Angola, ainda internamente mesmo, coisa que certamente ninguém quer.


A integração económica, é e será um ganho para todos os países envolvidos”

Angola encontra-se numa fase de crescimento industrial, ou de reindustrialização, e com características ainda que leve da “doença holandesa”, fruto dos anos em que o petróleo era a maior fonte de riqueza e de receitas de exportação, o que levou a uma especialização do país neste sector e a uma desindustrialização dos outros sectores resultando em um  fraco desenvolvimento económico, é importante que antes de entrarmos na zona de comércio livre, estejam montadas as estruturas económicas, comercias, fiscais e políticas, que garantam ao sector interno as bases necessárias para crescer progressivamente na medida em que a concorrência externa for estimulando o aumento da produtividade no mercado. Entre estas políticas, realçam-se a aposta na industrialização dos sectores, a protecção da indústria nascente e dos sectores estratégicos para o estado (mineração, petróleo, petroquímica, agricultura, dado o potencial em termos de produção e receitas dos mesmos), a melhoria das infra-estruturas (rodoviárias principalmente) que optimizem o escoamento de produtos de dentro e para fora das fronteiras nacionais (para mercados como “os kongos” e outros países vizinhos), uma forte aposta no know how tecnológico (sem esquecer a educação de uma forma geral), a optimização do sistema fiscal que garanta uma arrecadação de receitas fiscais sem desvios e a melhoria do sistema financeiro (aqui a dinamização da bolsa de valores seria uma boa estratégia para a dinamização da estrutura financeira e de financiamento das empresas).

A integração económica, é e será um ganho para todos os países envolvidos no entanto, é importante que se reúnam as condições necessárias para maximizar o aproveitamento dos ganhos que se poderão obter, para garantir que os países menos desenvolvidos alcancem os mais desenvolvidos e evitar que estes últimos cresçam ainda mais a custa dos primeiros.

Ezequiel Pedro Lobo – Licenciado em Gestão no Instituto Superior Politécnico de Técnologia e Ciências – (ISPTEC).

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