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REDUÇÃO DE ASSENTOS DOS PARTIDOS POLITICOS EM ANGOLA CONSUBSTANCIADOS A INEFICIÊNCIA DA ESTRATÉGIA DE MARKETING PARTIDÁRIO


Por: Bernardino N’gola

Os partidos políticos devem implementar estratégia de marketing partidário político para evitar perda gradual do número de assento no parlamento ou de não galgarem simpatia do eleitorado aquando da realização das eleições gerais. 

A proximidade entre o marketing e a política foi abordada pelos autores ALMEIDA e SETTE, em Marketing Político: arte e ciência, 2010, em perspectiva dos escritores, observam-se três semelhanças básicas: 

a) Nos dois casos existem organizações competindo entre si pelos consumidores ou eleitores.

 b) Tanto os consumidores quanto os eleitores são tomadores de decisão, ou seja, decidem entre aquele produto ou candidato. 

c) Os canais de comunicação e persuasão são praticamente os mesmos. 

Noutro prisma, elencar ao tema, consideramos a realização das eleições autárquicas como modelo de gestão política de aproximação a prestação dos serviços essências aos cidadãos, às famílias, às comunidades e às empresas, através dos órgãos escolhidos pelos próprios cidadãos dos municípios e cidades para a promoção do desenvolvimento local e controlo da gestão dos recursos financeiros colocados à disposição dos eleitos, nomeadamente resultantes de taxa e impostos local. Neste quesito foi miragem, conforme estava previsto a realização das eleições autárquicas em 2019 e, talvez 2020 não será diferente. 

Porém, Assembleia Nacional apreciou o pacote eleitoral que dará suporte legal as autarquias, designadamente a Lei Orgânica sobre as Eleições Autárquicas Locais, a Lei Orgânica sobre a Organização e Funcionamento das Autarquias Locais, a Lei da Tutela Administrativa sobre as Autárquicas Locais, das Finanças locais e a Lei da Transferências de Atribuições e Competências do Estado para as Autarquias Locais. 

Até aqui os pilares para a realização das eleições autárquicas estão lançados! Contudo, diante das inquietações, no espaço público e no espaço mediático, sobre a data para realização das eleições autárquicas e, os argumentos de razão apresentado pelos partidos políticos que defendem a adopção do modelo do gradualismo territorial para realização das eleições autárquicas; o gradualismo funcional baseado na desconcentração e descentralização do poder central para os municípios. Todavia, notamos que alguns partidos políticos estão a claudicar em implementar os respectivos plano de acção de marketing partidário político, pelo que tem influenciado de modo negativo nos desígnios dos partidos políticos para almejar ou continuar na governação. 

Como paradigma da importância do marketing político partidário, recorremos as informações da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) no que concerne os resultados das eleições gerais em Angola (2012) MPLA 71,84% por cento que corresponde 175 assentos na Assembleia Nacional; UNITA 18,66% para 32 lugares; CASA-CE 6,00% para 8 assentos; PRS 1,70% alcançou 3 lugares e FNLA 1,13% corresponde 2 assentos. 

Em (2017) MPLA obteve 61,05 por cento que corresponde 150 lugares no parlamento; UNITA 26,72 por cento para 51 assento no parlamento; CASA-CE 9,49 por cento e 16 lugares; PRS 1,33 e 2 lugares; FNLA 0,91 por cento que corresponde 1 lugar e APN 0,5 por cento não obteve lugar no parlamento. Se compararmos os resultados obtidos pelos partidos políticos em Angola, durante as eleições (2012 e 2017), notamos que alguns partidos perderam assentos no parlamento e outros correm o risco de desaparecerem na arena política em Angola. 

Todavia, para inverter a situação, apresentamos a fundamentação teórica de MUNIZ em Marketing Político, conceito e definições, 2004,” o marketing político está relacionado com a formação de imagem em longo prazo. É utilizado não apenas por políticos, mas também por qualquer pessoa que deseja projeta-se publicamente”. 

COUTINHO em Marketing Eleitoral, 2002, “marketing político é o conjunto de actividades que visa garantir a maior adesão possível a uma ideia ou uma causa, que pode ou não ser encarnada na figura de uma pessoa, normalmente a um político”.

O marketing político partidário ao contrário do marketing eleitoral que deve ser feito exclusivamente no período pré-eleitoral e no decorrer da realização da campanha eleitoral. 

O marketing partidário político deve ser realizado ao longo do ano de modo a fidelizar os membros e potenciais membros e simpatizantes ao partido. 

O marketing partidário consubstanciado no programa de governação deve ser realizado em todo momento desde a existência do partido político e não deve ser limitado a figura do Presidente do partido. É missão de todos os membros do partido fazer crer a ideologia e os desígnios do partido aos potencias membros ao partido. 

De acordo com a realidade de Angola, observamos que alguns partidos políticos desvanecem após a realização das eleições gerais, concomitantemente deduzimos que os partidos não possuem plano de acção de marketing partidário político conforme as doutrinas académicas apresentadas. Em outro prisma se cingem apenas em realizar reuniões periódicas do comité central ou do congresso ordinário. 

Todavia, concomitantemente como as empresas procuram novos marcados para vender os serviços e conquistar outros clientes, os partidos políticos também devem fazer o mesmo exercício com base a estratégia de marketing político partidário. 

KOTLER em Administração de Marketing, 2006, “o foco do marketing deve estar virado na interação permanente com o cliente de modo a mantê-lo e conquistar novos clientes de modo a aumentar os lucros da empresa”.   

Perfil

Bernardino Gaspar N’gola – É mestre em Ciências da Comunicação Marketing e Publicidade, Licenciado em Ciências da Comunicação, pela Universidade Independente de Angola (UNIA), especialista em marketing e comunicação empresarial e especialista em designer gráfico.

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