Populares juntos na campanha de sensibilização ambiental


Pela manhã ensolarada de um dia movimentado, como é habitual no sector Capipa do bairro Rocha Pinto, mais de 300 voluntários lançaram mãos à obra e puseram-se a limpar a zona.

Homens e mulheres vestidos de branco e com t-shirts do Dia das Boas Acções, moradores do bairro e crianças e jovens identificados com a causa, todos trabalharam para verem limpa a vala de escoamento que se encontrava cheia de resíduos sólidos, transformada em foco de doenças para os populares daquela circunscrição, facto que levou a Fundação Arte e Cultura e a TheBridgeGlobal a intensificar o trabalho de sensibilização e consciencialização da população sobre os cuidados a ter com o lixo.

Inês José Carlos tem 38 anos. Disse ter perdido as contas ao tempo em que vive no Rocha, mas, há marcos na vida que a ajudam a lembrar. “A minha primeira filha já tem um neto”, disse a moradora, para enfatizar o tempo há que vive naquele bairro. Para si, de tanto tempo a conviver com o lixo tudo se tornou um hábito, passou a ser algo normal. O que vale, disse, é que “Deus está a nos proteger”.

Isabel Queta é uma menina de apenas 11 anos, moradora no Rocha, frequenta a 4ª classe. Ela vive ao redor da vala e disse não ter a menor ideia do perigo que o lixo representa para a sua vida e da sua família. Mas quando questionada sobre o que achava da limpeza, disse que via isso com bons olhos, porque, se é mau para a nossa saúde, então “não vamos viver mais em cima do lixo”, disse. O mesmo já não acontece com a pequena Inácia Joaquim, de 12 anos de idade, na 5ª classe e a viver também ao redor da vala. “Sim, eu sei do perigo que isto representa, o lixo causa muitas doenças como paludismo, asma e cólicas”, arriscou.

Silva Queta, de 67 anos de idade e a viver no Rocha desde 1978, disse que “eles devem continuar a limpar, senão, quando sairem, o lixo vai voltar. O problema é que, para algumas pessoas até à estrada é longe e, por isso, não vão até ao contentor e deitam o lixo na vala. Eu e a minha família fazemos o esforço de ir até a estrada onde há contentor.

No caso da saúde só mesmo Deus”, desabafou, “se não continuarem a limpar a vala continuará suja”. Quem também falou foi outro ancião, Luciano Neto, que disse ter chegado ao Rocha na época da guerra.“ Eu cheguei do mato. Quando fizeram essa vala eu estava mesmo aqui. Com algumas dificuldades em se exprimir, o ancião, que procurava as palavras certas para descrever a sua aflição com o lixo e o mau cheiro que forçosamente tem de suportar, lá foi dizendo que esse lixo todos vão ali deitar, uns vêm de noite, outros deixam mesmo na rua.

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