O país cabe aqui.

Especialista ressalta possíveis consequências da flexibilização do distanciamento social

Por: Nambi Wanderley

O médico e docente universitário, Euclides Sacomboio, ressaltou, neste fim de semana, em entrevista ao Notícias de Angola, as possíveis consequências da flexibilização das medidas de distanciamento social, a fiabilidade dos exames a covid-19 e o fraco contributo da comunidade académica angolana no combater à pandemia.

“Ao implementar as medidas de alívio podíamos pensar, sim na economia, mas apenas nas outras 17 províncias do país, em Luanda devia pensar-se na infecção, por ser o epicêntrico da doença. Se todos estivessem em casa seriam reduzidas as chances dos ‘casos 26 e 31’ contaminarem várias pessoas”, explicou.

O médico apontou que houve uma falha do Governo angolano pelo facto de alguns cidadãos não terem sido submetidos a quarentena institucional logo à sua chegada ao país, já que se tivesse sido cumprido este protocolo, poderia ter se evitado o contágio de pessoas localmente.

Numa altura em que foram aliviadas as medidas de distanciamento social, com vista a reabertura do sector económico, o especialista acredita que neste momento, fruto deste alívio, a “possibilidade de haver um alto índice de casos de contágio comunitário é muito grande”, já que voltarão a haver os aglomerados de pessoas.

No que diz respeito a testagem de pessoas, o especialista garantiu que têm sido feitos no país, dois dos exames mais eficazes, nomeadamente o “PCR” e o “Genes Pex”, já que conseguem identificar a existência do vírus causador da covid-19 no organismo humano desde o segundo ou terceiro dia de infecção.

Sobre o uso de as máscaras, uma das medidas mais eficazes de se evitar a propagação da doença, o médico, apontou o facto de alguns deputados usarem máscaras mesmo estando sozinhos, facto que pode ser visto como uma maneira de mostrar aos cidadãos a importância do uso deste acessório.

Com o uso de máscaras caseiras ou de pano em alta, o especialista apontou que existe uma série de cuidados a serem tidos em conta, uma vez que estas não são testadas laboratorialmente. O médico aponta que ao ser retirada, deve-se sempre ter o cuidado de ser feita pelas fitas e não ter contacto com o tecido, quer seja por dentro e fora, especialmente o interior da máscara.

A lavagem da máscara depois do uso e a utilização de lenços de papel no interior para a filtragem do ar, são outros cuidados a ter, apontados pelo especialista.

O entrevistado referiu que as “academias angolanas deviam tirar maior proveito do estudo da pandemia covid-19, pelo país já ter vivido algumas experiências com outras doenças como o marburgue, a malária e a ébola”, apontando mesmo a falta de investimentos e financiamento nas áreas de investigação científica, como um entrave para o desenvolvimento científico do país.

“Não existe investigação em Angola, os professores andam em debandada, salários magros, ou seja, a vida da academia desse jeito não tem como evoluir, porque o professor prefere dar aula noutras universidades privadas ou num outro lugar do que se dedicar a uma investigação cientifica, sobre risco de não ganhar nada com isso”, desabafou.

Euclides Nenga Manuel Sacomboio é médico infecciologista e professor do na área de Ciências da Saúde, trabalha com projectos de pesquisa voltadas a comorbidade e mortalidade na malária, anemia falciforme e malária e vários outros projectos ligados à doença.

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